Todos nós sabemos que cantar é
uma forma de adoração a Deus, logo quando o fazemos devemos atentar a algumas
coisas. Hoje não falaremos sobre notas musicais e melodias, mas, sim, sobre as
letras!
O Ap.
Paulo nos orienta que nosso culto deve ser racional (Rm 12.1), e o cantar faz
parte do cultuar a Deus, logo o cantar também deve ser racional!
As
melodias dos hinos e louvores tendem a nos envolver durante a adoração, mas
isso não deve nos impedir de atentar ao que estamos falando de Deus e/ou para
Deus.
Hoje a
música tida como gospel possui um repertório muito vasto. Atualmente temos
letras que falam sobre as mais diversas situações da vida cristã: dificuldades,
vitórias, relacionamentos, perdão, conquistas, grandeza e poderio de
Deus... Enfim, temos letras que falam sobre tudo ou quase tudo da vida cristã.
Porém eu gostaria de analisar com vocês três aspectos que, a meu ver, devem ser
vistos quando nos propomos a cantar algo pra Deus.
Primeiro:
Se a letra da música vai de encontro com os ensinamentos bíblicos.
Segundo:
Quem de fato ela louva.
Terceiro:
Se ela retrata algo que vivemos ou a nossa perspectiva da vida cristã.
Vamos começar pelo primeiro aspecto:
Aquilo que cantamos tem que falar sobre coisas que agradam a Deus e vão de
encontro com verdades bíblicas. Por exemplo, Deus deixa claro em sua palavra
que a vingança pertence a Ele (Rm 12.19) e que Ele deseja que nós amemos até os
nossos inimigos (Lc. 6.27). Sendo assim, quando cantamos algo que seja
contrário a isso estaremos desagradando a Deus, pois estaremos descumprindo sua
palavra e permitindo que se desenvolva em nossos
corações sentimentos que Ele não nos orientar a desenvolver, como triunfalismo
(1Pe 5.6) ou superioridade (Filipenses 2.3), fazendo-se entender como
verdade coisas que, se for analisadas biblicamente, não fazem parte do caráter
de Cristo, muito menos do desejo d’Ele para nós.
Outro exemplo são as
distorções bíblicas que acontecem; é bem sabido que em Romanos 8.28 se fala que
“todas as coisas cooperam para o bem
daqueles que amam a Deus, daqueles que foram chamados segundo o seu propósito”,
mas isso não quer dizer que porque as coisas cooperam para o meu bem elas irão
acontecer como eu quero ou desejo, que só terei vitórias porque Deus quer o meu
bem. Jesus nos alertou, “...no mundo
tereis aflição, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo” ( João 16.33) e em
sua palavra também diz que Ele faz com
que o sol se levante sobre os maus e os bons e que a chuva desça sobre os
justos e injustos (Mt. 5.45), ou seja, Ele deixa bem claro que a vida não seria,
nem será, apenas de pétalas de rosas, mas que além delas também desfrutaríamos
dos espinhos.
Vamos ao segundo aspecto: Na
bíblia temos exemplos de homens de Deus como Jeremias que traziam à sua memória
fatos que pudessem fazer com que tivesse esperança quanto ao futuro (LM 3.21), pois
Salomão já dizia que a esperança tardia faz adoecer o coração (Pv. 13.12), mas
todavia se o meu louvor é pra Ele, Ele deve ser o meu objeto de adoração e não
o meu ego, os meus problemas e as minhas dificuldades. Uma coisa é através de
um louvor eu ser lembrada da grandeza de Deus, o seu poder e a capacidade que
Ele possui para fazer o que eu não posso, outra coisa é usar algo que deveria o
enalteceria para massagear meu ego com coisas do tipo eu mereço, eu sou isso,
eu faço aquilo e por aí vai.
Os louvores precisam ser cristocêntricos e não
antropocêntricos, o alvo do louvor deve ser falar de Deus e da sua grandeza e
não do homem e dos seus anseios; nessa situação quando falo em anseios não me
refiro aos espirituais, mas, sim aos materiais e terrenos que, na maioria das
vezes, não visam à glória de Deus nem a adoração a Ele, mas, sim, suprir
necessidades egoístas que não nos levam a Deus nem a lembrar de quem Ele é.
Agora o terceiro e último aspecto:
Em Mateus 12:34 fala-se que a boca fala
do que o coração está cheio, porém algumas vezes ao cantar não atentamos para
ver se as nossas palavras vão de encontro com as nossas verdades e até
testemunho. Não são poucos os louvores que têm a frase "Senhor, eu te amo.",
só que há um detalhe nisso, se no dia a dia você não vive uma vida que através
dos seus atos você demonstre amar a Deus, você, querendo ou não, está mentindo
quando levanta as mãos na igreja e começa a cantar "Aaah, eu te amo Senhor!".
De início isso pode não parecer nada grave, afinal, quem é que sabe se eu amo a
Deus apenas em palavras ou não? Deus. A reposta é Deus! É no mínimo feio tentar
adorar através de uma mentira Aquele que sabe todas as coisas. Então, Sâmia,
quer dizer que eu não posso mais falar que amo a Deus? Não. Não é isso que
estou falando! Estou dizendo que as suas palavras devem acompanhar suas atitudes.
Uma das coisas que Deus mais se agrada é de um coração sincero. Sempre que você
se propor a adorá-lo, seja verdadeiro! Reconheça quando você não está agindo
correto para com Deus e procure fazer com que suas palavras acompanhem sua
forma de viver.
Outro ponto interessante é possível de ser
visto através dessa letra “... Entra na minha casa, entra na minha vida...
Largo tudo pra te servir!” Oi?! Foi isso mesmo que você falou? Que larga tudo
para servir a Deus? Veja, nessa situação ocorre o inverso da citada acima, mas
se não tomar cuidado cai no mesmo resultado, a mentira. A situação é inversa
porque não fala de algo que está acontecendo (no caso acima amar ou não), mas
sim que poderá acontecer, você largar tudo para servir a Deus. Se Deus pedisse
hoje para você pedir demissão do seu emprego, vender sua casa e bens, se
afastar dos seus entes queridos e tudo mais, você o faria para servi-lo? Se
não, então porque o diz que faria? Dizer que está disposto a algo que de fato
não está nada mais é do que mentir.
O último ponto que gostaria de analisar com
vocês dentro desse aspecto é: ter noção do que estamos pedindo a Deus. A
Cassiane tem um louvor que em uma das suas estrofes fala assim “... Toma o
vaso, quebra e molda, sou teu servo, eis-me aqui!”, poeticamente e até espiritualmente
essa frase é linda, porque demonstra uma total entrega a Deus, mas você tem
dimensão do que isso na prática representa? Do que de fato você está pedindo a
Deus? Em outras palavras você está falando “Senhor, faz o que for preciso
comigo, mas me deixa do jeito que o Senhor quer! Pode me machucar, apertar ...
Sou todo teu!” Nossa, Sâmia! Que forte! Nunca havia pensado desse jeito. Então
a partir de hoje não vou mais cantar coisas desse gênero! Foi pra isso que você
me falou né?! Não! Meu intuito não é que você deixe de dar liberdade para Deus
atuar na sua vida através das petições em forma de louvor. Meu intuito é que
você compreenda que há uma carga de reponsabilidade naquilo que você canta
pedindo a Deus, pois o que pedimos em oração seja falada ou cantada, Deus nos
concede e realiza.
Para finalizar o post de hoje
quero deixar bem claro que, como disse acima, meu intuito não é fazer com que
ninguém cante mais nada a partir de hoje, ou que você vire um neurótico com
relação às letras dos louvores. Meu desejo é que você comece a refletir também
sobre o que você tem apresentado a Deus cantando, que seu culto seja racional
por completo, que você o adore compreendendo o que está fazendo examinando a
fundo as suas próprias intenções e não se deixando levar apenas pela emoção ou
porque você “curte” determinada melodia, ritmo ou cantor.
Fiquem com Deus!
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